Pequena dose diária de experiência do usuário

Dia desses, por motivos de incompatibilidade de agendas e falta de planejamento com a minha esposa, acabei ficando sem carro em um dia que precisava resolver algumas coisas no centro da cidade e por alguma razão, ao invés de pegar um Uber, escolhi ir de ônibus rumo aos meus afazeres de gente grande.

Por coincidência acabei encontrando um colega do tempo de faculdade no ponto de ônibus e ficamos ali batendo um papo naqueles 5 minutos de espera, aquele papo de como foi a vida pós faculdade, se ainda tem contato com a galera, esse tipo de coisa. O ônibus chega, quase cheio mas ainda com alguns lugares disponíveis e o meu colega rapidamente sentou do lado esquerdo do ônibus, lado que nesse momento estava na sombra (decisão lógica e sensata para uma viagem mais agradável considerando um sol das 13h em um dia com 30ºC). Sentei do lado oposto e ele meio sem entender acabou fazendo o mesmo logo depois. Nesse momento me ocorreu que ele não era dali, só estava ali, ele não pegava aquele ônibus com frequência e daí surgiu o estalo de compartilhar essa história.

O fato é que esse bendito ônibus, faz um tremendo zigzag pelo bairro e no fim das contas quando pega a avenida que segue para o centro, ele fica na direção oposta e o sol passa a incomodar o outro lado do ônibus. Eu sabia disso por que já peguei aquele ônibus durante anos. Naquele momento, eu era o usuário experiente e ele um novato, que provavelmente ficaria um pouco frustrado 5 minutos depois por ter que fazer toda a viagem tostando no sol.

Imersão está ai pra isso e através dela também descobri que atualmente muita gente desliga o 3G quando entra no ônibus por motivos de insegurança, mas isso já é assunto para outro texto.

PS: Não sei vocês também fazem isso, mas eu uso a mesma lógica pra escolher poltronas no avião quando viajo, considerando se vale a pena ir do lado do sol e correr o risco de ter uma imagem como essa.


Quando o responsivo não é o bastante

Há alguns anos, temos visto o termo “ responsivo” presente no vocabulário de quem trabalha com interfaces, no início era o novo queridinho de todos que queriam demonstrar que estavam atualizados com as tecnologias e teve gente (ou ainda tem) vendendo ele como diferencial. De uma forma ou de outra, há inúmeros motivos para você ter o seu site sempre pronto para as diversas variações de tela.

Por definição, o termo responsivo envolve apenas a parte de adaptação de conteúdo às diversas telas, mas pensar mobile vai muito além de trocar um menu inline por 3 tracinhos no canto superior direito.

1. Leve em consideração o contexto que o seu site será usado.

Em qual contexto alguém acessaria o seu site pelo celular? Ok, ele pode estar deitado no sofá de casa, com um wifi de 300MB, mas existe a grande possibilidade dele estar no meio da rua com um 3G meia boca precisando urgentemente do endereço da sua empresa. Pense nisso.

2. Texto responsivo

Muitos designers costumam acrescentar blocos de conteúdo quando saem da versão mobile pra desktop. Ao invés de esconder/mostrar blocos de conteúdo nas versões diferentes, experimente criar conteúdos distintos. Um texto que diga algo em um único parágrafo pro mobile e outro com um pouco mais de informação nas versões maiores. Junte isso com a dica anterior e a experiência do seu site poderá ser completamente diferente.

3. Deixe o usuário a vontade

O cara já se deu ao trabalho de entrar no seu site, então ele merece um mínimo de respeito, certo? Ao invés de bombardea-lo com ofertas, promoções e chances imperdíveis, forneça o mínimo de liberdade para que ele decida o que fazer no site. Considerando que o espaço visual disponível em um celular é bem menor, iniciar a navegação com um NÃO PERCA AGORA ESSA GRANDE CHANCE pode não ser tão interessante.
O ideal é facilitar o acesso às principais tarefas que o seu site oferece. Só cuidado de usar isso com cautela. Dar opções demais pode prejudicar e fazer com que ele não saiba o que fazer. Um exercício de empatia vai te ajudar a entender quais opções devem ser priorizadas.

4. Cuidado com os excessos.

Sabe aquele formulário com 24 campos que tem na página trabalhe conosco? Já parou pra pensar como seria isso no celular? Caso não seja possível criar uma experiência agradável ao usuário, considere omitir algumas opções muito complexas. Para que manter a opção de "download do manual em PDF"? Talvez seja impossível esse manual ser visualizado numa tela minúscula.

Agora corre lá e da uma olhada se seu ponto de vista mudou naquele novo projeto. ;)